Ainda
escrevo poemas naquele velho ponto de ônibus na Oliveira Freire
Passam se tantos anos
e meus melhores escritos ainda saem da penumbra.
O que mais me
atormenta é que após uma década, minhas palavras ainda gritam e vomitam
indignação por uma sociedade fútil do terceiro mundo
É estranho, mas noto
que já é de um prazer masoquista, tal feitio para dor em palavras.
Só de um breve
passeio me sinto possuído por Fernando Pessoa ou Arnaldo Jabor.
O pior é acreditar
que as pessoas vão mudar com os anos
É como a espera de um
cristão pelo tal cristo
Fazem mais de dois
mil anos de joelhos flagelados em oração á espera
São como os Romances
mal resolvidos
Nunca serão perfeitos
e de inveja, mas são do mesmo prazer masoquista
A realidade é simples
e direta, mas as pessoas não gostam de comer ela crua
Então cozinham com
mentiras e se entorpecem com falsas esperanças.
Ainda escrevo poemas
naquele velho ponto de ônibus na Oliveira Freire
Local de suicídio de
um jovem cristão, apaixonado pelos contos heróicos de um livro de contos de
fadas, que só trouxe dor e esperança para o que nada tem.
Mas é a mesma esperança que um alcoólatra sente,
quando está entorpecido pelo álcool.
Parabéns, jovem pela postagem!!
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