sábado, 22 de março de 2014

24 - Ainda escrevo poemas naquele velho ponto de ônibus na Oliveira Freire



Ainda escrevo poemas naquele velho ponto de ônibus na Oliveira Freire


Passam se tantos anos e meus melhores escritos ainda saem da penumbra.
O que mais me atormenta é que após uma década, minhas palavras ainda gritam e vomitam indignação por uma sociedade fútil do terceiro mundo
É estranho, mas noto que já é de um prazer masoquista, tal feitio para dor em palavras.
Só de um breve passeio me sinto possuído por Fernando Pessoa ou Arnaldo Jabor.

O pior é acreditar que as pessoas vão mudar com os anos
É como a espera de um cristão pelo tal cristo
Fazem mais de dois mil anos de joelhos flagelados em oração á espera
São como os Romances mal resolvidos
Nunca serão perfeitos e de inveja, mas são do mesmo prazer masoquista

A realidade é simples e direta, mas as pessoas não gostam de comer ela crua
Então cozinham com mentiras e se entorpecem com falsas esperanças.

Ainda escrevo poemas naquele velho ponto de ônibus na Oliveira Freire
Local de suicídio de um jovem cristão, apaixonado pelos contos heróicos de um livro de contos de fadas, que só trouxe dor e esperança para o que nada tem.
Mas é a mesma esperança que um alcoólatra sente, quando está entorpecido pelo álcool.


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